Tipos de fundação: conheça as 9 principais da construção civil

A escolha do tipo de fundação que será realizado em uma obra de construção civil, envolve uma análise criteriosa das condições do subsolo, das cargas a serem transmitidas e das restrições do projeto.

Aspectos como a natureza do solo — arenoso, argiloso, rochoso — a profundidade do lençol freático, a presença de rochas e a magnitude das cargas atuantes influenciam diretamente na seleção da solução de fundação mais adequada.

Neste artigo, você vai conhecer as principais características, vantagens e desvantagens de cada tipo de fundação, o que ajudará a realizar uma análise comparativa e tomar a melhor decisão para cada projeto específico. Acompanhe!

Fundação na construção civil

As fundações são elementos estruturais de fundamental importância em qualquer obra civil, atuando como interface entre a edificação e o solo. Elas têm a função de transmitir as cargas provenientes do peso próprio da construção, dos ocupantes e de ações externas (vento, sismo) para o terreno, garantindo a estabilidade e a durabilidade da estrutura.

A escolha do tipo de fundação mais adequado depende de diversos fatores, como as características do solo (tipo, resistência, nível do lençol freático), a magnitude das cargas a serem suportadas, as condições climáticas e as normas técnicas vigentes.

A correta execução da fundação evita problemas como recalques, fissuras e até mesmo o colapso da estrutura. A dimensão e a profundidade, por exemplo, são determinadas por meio de cálculos estruturais e geotécnicos, que levam em consideração a capacidade de carga do solo e as características da edificação.

As fundações devem, ainda, ser projetadas para resistir a esforços horizontais, como os causados por ventos e terremotos.

Tipos de fundação na construção civil

A escolha do tipo de fundação pode variar desde simples sapatas, utilizadas em construções leves e em solos de boa qualidade, até estacas profundas, empregadas em terrenos com baixa capacidade de carga ou em edificações de grande porte. A seguir, vamos explicar as principais características e diferenças entre elas. Confira!

Fundações superficiais

As fundações superficiais transmitem as cargas da edificação para o solo através de elementos estruturais que se apoiam diretamente sobre camadas de solo de boa capacidade de carga, situadas a pequenas profundidades. São indicadas para edificações de pequeno a médio porte, em solos com características geotécnicas favoráveis.

1. Sapata isolada

As sapatas isoladas são um tipo de fundação superficial usada em construções para suportar cargas de pilares ou colunas. Elas são chamadas de "isoladas" porque são projetadas para ser uma base individual para cada pilar, ou seja, cada sapata é dedicada a um único ponto de carga.

2. Sapata associada

A sapata associada é um tipo de fundação superficial utilizada quando dois ou mais pilares ou colunas estão próximos e as suas sapatas isoladas individuais se conectam. Ela é projetada para distribuir as cargas desses pilares de forma conjunta e mais eficiente.

3. Sapata corrida

Elemento linear de concreto armado que suporta uma parede ou uma fileira de pilares. É utilizada para distribuir as cargas de forma contínua ao longo de um determinado comprimento.

4. Radier

Laje de concreto armado que abrange toda a área da edificação, transmitindo as cargas para o solo de forma uniforme. É utilizado em edificações de grande porte ou em áreas com variações significativas no nível do terreno.

Não esqueça que é fundamental realizar uma análise geotécnica detalhada do terreno para determinar a capacidade de carga do solo e definir a profundidade, dimensões e aplicação da escolha do melhor tipo de fundação.

Fundações profundas

As fundações profundas transmitem as cargas da edificação para camadas de solo mais resistentes, situadas a grandes profundidades. São indicadas para edificações de grande porte, em solos com baixa capacidade de carga ou quando é necessário atravessar camadas de solo de baixa qualidade.

5. Blocos

Os blocos são elementos superficiais mas que são utilizados em conjuntos com as estacas (bloco de coroamento), atuando como interface para transferência de esforços dos pilares para uma ou mais estacas.

6. Estacas metálicas

Elementos lineares de aço cravados no solo, geralmente utilizados em obras com prazos exíguos ou em locais de difícil acesso. Com alta resistência à tração e compressão, seção transversal circular ou quadrada, podem ser cravadas ou perfuradas.

7. Estacas de madeira

Elementos lineares de madeira dura, tratada para aumentar sua durabilidade. São utilizadas em obras de menor porte e em solos com baixa agressividade. Entre suas principais características se destacam: baixo custo, fácil de trabalhar, seção transversal circular ou quadrada.

8. Estacas de concreto pré-moldadas

Produzidas em fábrica com concreto armado e transportadas para o canteiro de obras, elas são utilizadas em obras de grande porte e em solos com boa capacidade de carga. Suas características incluem: alta resistência à compressão, seção transversal variada, e a possibilidade de serem armadas longitudinalmente e transversalmente.

Indicadas para obras de grande porte, em solos com boa capacidade de carga e obras com prazos definidos e pouco flexíveis.

9. Brocas

A broca é uma técnica de fundação profunda que utiliza uma broca rotativa para perfurar o solo até a profundidade necessária, criando um furo onde será colocada a armadura e, em seguida, concretada. As brocas são comumente usadas em solos difíceis, com grande quantidade de pedras ou materiais duros.

10. Hélice contínua

A hélice contínua é uma técnica moderna de fundação profunda, em que uma hélice (uma espécie de parafuso) é usada para perfurar o solo até a profundidade necessária. Durante o processo de perfuração, o concreto é injetado continuamente pelo tubo da hélice para formar a estaca sem a necessidade de retirada do material escavado.

11. Strauss

A fundação tipo Strauss é uma técnica de perfuração que utiliza uma broca escavadora manual ou mecânica, sem o uso de hélice contínua, para cavar um furo vertical. Após escavar, a armadura é colocada no fundo e o concreto é lançado para preencher o furo.

12. Estaca raiz

A estaca raiz é uma fundação profunda que utiliza uma perfuração semelhante à broca, mas com um diferencial: ela forma uma estaca mais larga e tem a característica de ser estruturada com concreto e armadura disposta de forma radial ao redor do furo, como raízes de uma árvore. Esse formato aumenta a área de contato entre a estaca e o solo, melhorando a capacidade de carga.

13. Estacas do tipo Franki

Um tipo de estaca moldada in loco, obtida através da cravação de um tubo metálico no solo, que é posteriormente retirado e preenchido com concreto. Graças a sua alta capacidade de carga, elas podem ser utilizadas em solos com diferentes características, processo construtivo relativamente rápido. Recomendadas para solos com baixa capacidade de carga e em áreas com restrições de altura.

Escolha do tipo de fundação ideal

A escolha do tipo de fundação a ser empregada em uma obra é uma decisão que impacta diretamente na estabilidade e durabilidade da estrutura. Diversos fatores devem ser minuciosamente analisados para garantir a segurança e o adequado desempenho da fundação.

Em primeiro lugar, as características geotécnicas do solo exercem uma influência determinante na seleção do tipo de fundação e em seu dimensionamento. Solos arenosos, argilosos e rochosos apresentam comportamentos distintos sob carga, exigindo soluções de fundação específicas.

Ainda, a profundidade do lençol freático e a presença de água no subsolo podem comprometer a capacidade de carga do terreno e demandar tratamentos especiais, como drenagem ou impermeabilização. A carga a ser transmitida ao solo pela edificação, que inclui o peso próprio da estrutura, as cargas provenientes de uso e as ações de vento e sismo, também é um fator a ser considerado no dimensionamento da fundação.

Combinado com esse fatores, as condições climáticas da região onde a obra será executada exercem influência significativa no comportamento do solo e da fundação ao longo do tempo. Ciclos de umidade e secagem, variações de temperatura e eventos extremos como chuvas intensas podem causar retrações e expansões no solo, afetando a estabilidade da estrutura.

Por fim, é imprescindível que o projeto e a execução da fundação estejam em conformidade com as normas técnicas vigentes, como as da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Essas normas estabelecem os requisitos mínimos para garantir a segurança e a durabilidade das edificações, incluindo critérios para o dimensionamento, execução e controle de qualidade das fundações.

A escolha do tipo de fundação a ser empregada em uma obra civil é uma decisão complexa que requer uma análise criteriosa das características do solo, das cargas atuantes e das condições de contorno do projeto.

Como vimos, as fundações superficiais, como sapatas e radiers, são indicadas para edificações de menor porte e em solos com boa capacidade de carga, enquanto as fundações profundas, são mais adequadas para obras de grande porte, em solos com baixa capacidade de carga ou em situações especiais. A seleção do tipo de fundação mais adequado é fundamental para garantir a segurança, a durabilidade e a economicidade da obra, sendo essencial a realização de uma análise geotécnica detalhada e o acompanhamento de um profissional qualificado.Você gostou de conhecer mais sobre os tipos de fundação? Aproveite para seguir a webproject nas redes sociais — Facebook, Instagram, LinkedIn e X— e acompanhe mais dicas e conteúdos sobre o assunto.