Projeto legal de arquitetura: aprenda a criar do zero
felipe
03 de maio de 2025
14 min. de leitura
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- O que é um projeto legal de arquitetura?
- O que faz parte do projeto legal?
- Plantas baixas
- Cortes e fachadas
- Memorial descritivo
- Quadro de áreas e índices urbanísticos
- Área permeável
- Quadro de esquadrias
- Adequação às normas
- Qual é a importância do projeto legal?
- Proteção contra riscos
- Valorização e segurança do investimento
- Prevenção de problemas futuros
- Do projeto legal ao executivo: integração necessária
- Qual é a diferença entre projeto legal e executivo?
- Projeto legal
- Projeto executivo
- Resumo prático:
- Como criar um projeto legal de arquitetura? Confira o passo a passo!
- Levantamento de normas municipais (e consulta ao órgão competente)
- Desenvolvimento das plantas
- Memorial descritivo
- Complementação com outros projetos
- Envio para aprovação
- Análise e retorno dos órgãos competentes
- Quais são os desafios comuns no processo de aprovação?
- Outras aprovações complementares
- Inovação no licenciamento urbano
Você já ouviu falar em projeto legal de arquitetura? Essa etapa é fundamental para garantir que sua construção esteja dentro das normas municipais e possa ser aprovada pelos órgãos competentes. Seja para uma casa, um edifício ou uma reforma, entender como elaborar esse documento evita dores de cabeça com a prefeitura e possíveis multas.
Agora, você vai descobrir muitas coisas sobre esse assunto! Um exemplo é entender o que é um projeto legal de arquitetura e o que ele deve conter. Além disso, é importante que você saiba a diferença entre projeto legal e executivo, o passo a passo para criar o seu do zero e os desafios comuns no processo de aprovação.
Se você é arquiteto, estudante ou está construindo, este guia vai ajudar a planejar seu projeto dentro da lei. Vamos começar?
O que é um projeto legal de arquitetura?
O projeto legal de arquitetura — também chamado de projeto para aprovação — é um conjunto de desenhos e documentos técnicos elaborados com o objetivo de demonstrar a conformidade da proposta arquitetônica com as exigências da legislação municipal. Ele é essencial para a obtenção do alvará de construção e deve atender integralmente às normas urbanísticas locais, como recuos, taxas de ocupação e acessibilidade.
Apesar de estar entre as etapas iniciais do desenvolvimento de uma obra, é importante não confundi-lo com o projeto básico, que possui finalidade distinta, voltada à definição técnica preliminar da edificação para fins de orçamento, licitação ou planejamento executivo.
Também é fundamental compreender quem são os principais agentes envolvidos nesse processo:
- O proprietário: é o detentor legal do terreno ou imóvel, e autoriza formalmente a submissão do projeto junto à prefeitura. Em muitos casos, é ele quem contrata os profissionais responsáveis.
- O autor do projeto: é o profissional habilitado (geralmente arquiteto ou engenheiro) que elabora tecnicamente a proposta, conforme as diretrizes legais e as necessidades do cliente.
- O responsável técnico: é quem assume perante os órgãos públicos e os conselhos profissionais (como CAU ou CREA) a responsabilidade legal pelo conteúdo do projeto, geralmente por meio da emissão de uma RRT ou ART. Em muitos casos, o autor do projeto e o responsável técnico são a mesma pessoa, mas isso não é obrigatório.
A identificação correta desses agentes, bem como suas respectivas atribuições, é indispensável para que o processo de licenciamento transcorra de forma segura, legítima e eficiente.
O que faz parte do projeto legal?
As exigências para aprovação de projetos legais podem variar conforme o município e o porte da obra. Em alguns casos, especialmente para construções de pequeno porte, são requeridos apenas documentos simplificados, como plantas baixas com indicações básicas de volumetria. Já para empreendimentos maiores, as exigências são mais detalhadas. A seguir, apresentamos os principais elementos que podem compor um projeto legal completo.
Plantas baixas
As plantas baixas formam o coração do projeto, apresentando em escala precisa a distribuição espacial de todos os ambientes.
Estas devem incluir as medidas lineares principais, cálculo das áreas úteis e de circulação, e a localização de peças sanitárias e aberturas (portas e janelas). Itens como pontos elétricos e outros detalhes de instalações pertencem geralmente ao projeto executivo e não costumam ser exigidos no projeto legal.
Cortes e fachadas
Cortes transversais e longitudinais complementam essa visão, revelando as alturas internas, espessuras de lajes e a relação entre diferentes níveis.
As elevações de fachada vão além da representação estética, especificando os materiais de acabamento externo, proporções de aberturas e elementos de proteção solar.
Por fim, em alguns municípios, podem ser exigidos cortes e elevações complementares. No entanto, detalhes construtivos aprofundados geralmente fazem parte do projeto executivo e não integram a documentação típica exigida para aprovação legal.
Memorial descritivo
Este documento narrativo explica em linguagem técnica todas as decisões projetuais, desde os materiais estruturais até os acabamentos finais. Deve conter:
- justificativas para soluções adotadas;
- especificações completas de materiais;
- metodologias construtivas propostas;
- detalhes sobre sistemas prediais.
Quadro de áreas e índices urbanísticos
O quadro de áreas é um dos documentos mais importantes do projeto legal, pois consolida as informações quantitativas da edificação e permite que a prefeitura verifique se o projeto está de acordo com os parâmetros urbanísticos definidos para o terreno.
Esse quadro deve apresentar com clareza diferentes categorias de áreas, como:
- Área construída: soma de todas as áreas cobertas da edificação, incluindo paredes, hall de circulação, garagens, varandas e demais espaços cobertos.
- Área útil: refere-se apenas aos espaços internos de uso direto, como salas, quartos, cozinhas e banheiros, sem contar paredes ou áreas comuns.
- Área total do terreno: dimensão oficial da gleba registrada em cartório e base para o cálculo dos índices urbanísticos.
Com base nessas áreas, dois índices fundamentais precisam ser apresentados:
- Taxa de Ocupação (TO): é a relação entre a projeção horizontal da edificação (vista em planta) e a área total do terreno.Fórmula: TO = (área ocupada ao nível do solo / área do terreno) × 100Este índice controla quanto do solo será efetivamente coberto pela construção, visando preservar áreas livres e melhorar a drenagem urbana.
- Coeficiente de Aproveitamento (CA): indica a quantidade total de área construída permitida no terreno, considerando todos os pavimentos.Fórmula: CA = (área construída total / área do terreno)O valor do CA varia conforme a zona urbana e está definido no plano diretor municipal. Ele regula a densidade construtiva da cidade.
A apresentação correta desses dados é essencial para comprovar que o projeto respeita os limites legais do lote.
Área permeável
Além da área construída, muitas prefeituras exigem a indicação da área permeável, que é a porção do terreno onde o solo permite a infiltração da água da chuva.
São exemplos típicos de superfícies permeáveis: jardins com solo natural, gramados, canteiros e pisos drenantes.
A área permeável mínima exigida costuma ser definida por zoneamento urbano e tem como objetivo auxiliar no controle de alagamentos e na sustentabilidade ambiental do projeto.
O projeto legal deve identificar essas superfícies no desenho de implantação e apresentar os cálculos no quadro de áreas.
Quadro de esquadrias
Outro item frequentemente exigido é o quadro de esquadrias, que relaciona todas as aberturas da edificação — como janelas, portas, basculantes e vitrôs — indicando suas dimensões e áreas.
Esse quadro é essencial para comprovar o atendimento às exigências mínimas de:
- Ventilação natural cruzada
- Iluminação natural adequada
- Renovação de ar nos ambientes de permanência
Além disso, ele reforça o alinhamento com normas como a ABNT NBR 15575 (desempenho) e critérios definidos no código de obras local.
Adequação às normas
Para fechar, a comprovação da adequação às normas municipais inclui o respeito a recuos frontais, laterais e de fundos, além do atendimento às regras de acessibilidade universal (ABNT NBR 9050) e outras legislações específicas. Cálculos de vagas de garagem, áreas de lazer e espaços comuns também integram essa verificação.
Qual é a importância do projeto legal?
O projeto legal representa a base técnica e jurídica que assegura a viabilidade e a legalidade de toda a obra. Este documento protege o investimento e garante que a construção atenda a todos os requisitos necessários para seu pleno funcionamento e valorização ao longo do tempo.
Saiba mais!
Proteção contra riscos
A ausência de um projeto devidamente aprovado pode levar a consequências graves que comprometem todo o empreendimento. As prefeituras têm o poder de embargar obras irregulares, paralisando os trabalhos até que toda a documentação seja regularizada.
Assim, esse tipo de intervenção não só causa atrasos significativos no cronograma, como também gera multas pesadas que impactam diretamente no orçamento da obra.
Valorização e segurança do investimento
Um imóvel construído sem projeto legal aprovado enfrenta sérias dificuldades quando chega o momento da venda ou financiamento. Instituições financeiras geralmente recusam crédito para propriedades irregulares, e compradores conscientes desconfiam de empreendimentos sem a devida documentação.
A regularização posterior costuma ser um processo complexo e dispendioso, muitas vezes exigindo adaptações caras na construção já concluída.
Prevenção de problemas futuros
Muitos dos problemas que surgem anos após a conclusão de uma obra, como infiltrações, fissuras ou desconforto térmico, poderiam ser evitados com um projeto bem elaborado desde o início.
O processo de aprovação municipal funciona como uma primeira barreira de qualidade, identificando potenciais falhas antes mesmo do início da construção.
Do projeto legal ao executivo: integração necessária
O projeto legal aprovado serve como fundamento normativo e urbanístico para o desenvolvimento do projeto executivo. Ele consolida as premissas legais — como recuos obrigatórios, taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento e parâmetros de acessibilidade — que guiarão todas as decisões técnicas posteriores.
Ao garantir que a proposta arquitetônica esteja alinhada com as exigências da prefeitura, o projeto legal reduz riscos de retrabalho, evita interferências com diretrizes urbanas e fornece um ponto de partida sólido para o detalhamento técnico.
Essa integração entre aprovação legal e execução técnica é essencial para que o projeto executivo respeite os limites legais desde a origem, favorecendo também a compatibilização entre disciplinas e a fluidez nas demais aprovações complementares (como projetos hidrossanitários, estruturais, elétricos, entre outros).
Qual é a diferença entre projeto legal e executivo?
Embora ambos sejam etapas fundamentais no desenvolvimento de uma edificação, o projeto legal e o projeto executivo têm objetivos, escopos e níveis de detalhamento distintos.
Projeto legal
- Objetivo principal: obter a aprovação do projeto junto à prefeitura, demonstrando conformidade com a legislação urbanística local (plano diretor, código de obras, zoneamento).
- Conteúdo típico: plantas, cortes, fachadas, quadro de áreas, indicação de recuos, altura, taxa de ocupação, área permeável e quadro de esquadrias.
- Detalhamento: simplificado, voltado para leitura institucional, sem especificações construtivas profundas.
- Público-alvo: técnicos da administração pública municipal.
Projeto executivo
- Objetivo principal: orientar com precisão a execução da obra, detalhando todos os sistemas construtivos e especificações técnicas.
- Conteúdo típico: planta de layout, cortes detalhados, projeto estrutural, instalações elétricas e hidráulicas, memoriais descritivos executivos, especificações de materiais e acabamentos.
- Detalhamento: completo, com precisão dimensional, cotas, detalhamentos de execução e notas técnicas.
- Público-alvo: construtores, engenheiros de obra, fornecedores e responsáveis pela execução.
Resumo prático:
- O projeto legal comprova que a proposta pode ser construída legalmente.
- O projeto executivo define exatamente como ela será construída.
Como criar um projeto legal de arquitetura? Confira o passo a passo!
Desenvolver um projeto arquitetônico dentro dos parâmetros legais exige um método sistemático que combine conhecimento técnico com compreensão das regulamentações locais.
Este processo, quando bem executado, não apenas garante a aprovação municipal como também estabelece bases sólidas para a futura execução da obra.
Continue para saber como colocá-lo em prática!
Levantamento de normas municipais (e consulta ao órgão competente)
O ponto de partida essencial é a compreensão profunda da legislação urbanística local. Sempre que possível, recomenda-se também uma consulta direta à prefeitura ou órgão responsável, seja presencialmente ou por meio de plataformas online, para esclarecer diretrizes específicas aplicáveis ao terreno. O arquiteto deve consultar minuciosamente o plano diretor e as leis de zoneamento do município, com atenção especial para:
Os recuos obrigatórios —frontal, laterais e de fundos — que variam conforme o tipo de via e a zona onde se localiza o terreno. Esses espaços livres são cruciais para ventilação, iluminação e circulação.
Os índices urbanísticos como taxa de ocupação (porcentagem do terreno que pode ser construída) e coeficiente de aproveitamento (relação entre área construída e área do terreno), que determinam o potencial construtivo do lote.
As exigências de acessibilidade, seguindo a NBR 9050, que estabelece padrões para circulação de pessoas com mobilidade reduzida em todos os espaços de uso coletivo.
Desenvolvimento das plantas
Com as regras claras, inicia-se a materialização do projeto através de representações gráficas precisas.
A planta baixa deve apresentar o layout completo com todas as dimensões, áreas calculadas e indicação de peças sanitárias, além de demonstrar claramente o respeito aos recuos e áreas livres exigidos.
Os cortes transversais e longitudinais revelam as alturas internas, espessuras de lajes, inclinação de telhados e relação entre diferentes níveis, comprovando o atendimento aos requisitos de ventilação e insolação.
As elevações de fachada mostram não apenas a estética proposta, mas também os materiais de acabamento externo e proporção de aberturas, elementos essenciais para análise do impacto urbano da edificação.
Memorial descritivo
Este documento técnico complementar explica em detalhes as decisões projetuais, incluindo:
- justificativas para soluções adotadas em relação às normas urbanísticas;
- descrição dos sistemas construtivos previstos e suas características técnicas;
- especificações preliminares de materiais que garantam o atendimento aos requisitos de desempenho.
Complementação com outros projetos
Dependendo do porte e complexidade da obra, pode ser necessário incluir:
Projeto estrutural assinado por engenheiro calculista, comprovando a estabilidade da edificação.Projeto de prevenção contra incêndio para edifícios com características específicas. Estudos de impacto de vizinhança quando exigido pelo município.
Envio para aprovação
O processo final consiste na apresentação do projeto completo ao órgão municipal competente - geralmente a secretaria de urbanismo ou similar. É comum que os técnicos solicitem ajustes ou complementações, fazendo parte do processo iterativo de aprovação.
Análise e retorno dos órgãos competentes
Durante a análise, é comum que o projeto passe por uma etapa de verificação técnica e legal. Caso sejam identificadas inconsistências ou pendências documentais, o órgão competente pode emitir um “comunique-se” — termo utilizado para formalizar solicitações de ajustes ou complementações por parte do autor do projeto.
O arquiteto ou engenheiro responsável deve então revisar os pontos destacados, realizar as correções necessárias e reenviar o material atualizado para nova avaliação. Este ciclo pode se repetir até que o projeto esteja totalmente regular para aprovação.
Quais são os desafios comuns no processo de aprovação?
Algumas dificuldades frequentes:
- mudanças nas leis urbanísticas (exigindo revisões no projeto);
- exigências inesperadas (como estudos de impacto de vizinhança);
- demora na análise (em alguns municípios, leva meses).
Por isso, a dica é: consulte um arquiteto ou consultor experiente para agilizar o processo. Assim, todos saem ganhando!
O projeto legal de arquitetura é a base para uma construção regularizada. Seguindo as normas desde o início, você evita problemas com a prefeitura, multas e até demolições.
Se está planejando uma obra, invista em um bom projeto legal – ele será seu melhor aliado para construir com segurança e sem surpresas!
Outras aprovações complementares
Embora o foco deste artigo seja o licenciamento junto à prefeitura, é importante lembrar que determinados tipos de empreendimentos podem exigir aprovações adicionais, de acordo com sua natureza e uso.
Alguns exemplos incluem:
- Vigilância Sanitária: obrigatória para projetos como clínicas, consultórios, farmácias, salões de beleza, cozinhas industriais e similares. Exige condições específicas de layout, ventilação, materiais e fluxo interno.
- Corpo de Bombeiros: em edificações que demandam Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI), especialmente comerciais, industriais ou com grande circulação de pessoas.
- Órgãos ambientais: em empreendimentos com potencial impacto ambiental, como postos de combustível, loteamentos ou áreas próximas a mananciais.
- Concessionárias (água e energia): quando há necessidade de novas ligações, aumento de carga ou atendimento a diretrizes técnicas específicas.
Em muitos casos, o arquiteto responsável pelo projeto legal também atua na coordenação dos projetos complementares e no encaminhamento das aprovações específicas, garantindo que todas as disciplinas estejam compatíveis e atendam às exigências dos diferentes órgãos públicos. Ferramentas especializadas em gestão e compatibilização de projetos, como as oferecidas pela WebProject, podem auxiliar nesse processo, especialmente em empreendimentos com múltiplos responsáveis técnicos e etapas regulatórias simultâneas.
Inovação no licenciamento urbano
Algumas cidades brasileiras já estão investindo em plataformas digitais para tornar a aprovação de projetos mais ágil e precisa.
Um exemplo é a Prefeitura de Salvador (BA), que implantou o sistema Metropolis: uma solução que permite a submissão de projetos em formato BIM (IFC). A plataforma realiza análises automáticas de conformidade com o código de obras e outras normas urbanísticas da cidade.
Outras prefeituras — como Curitiba e Florianópolis — também vêm testando processos digitais, embora com escopo mais restrito. A tendência é que o uso de tecnologias como o BIM se torne cada vez mais comum nas etapas de licenciamento.
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